domingo, 23 de novembro de 2008

Olá amigos,
Mais um final de semana sem sol e tudo bem alagado aqui pelo Sul. Para "comemorar" tudo isto com rock and roll resolvi fazer uma releitura ao livro A Divina Comédia dos Mutantes e de quebra passei sabadão e parte do domingo ouvindo toda a obra dos caras. Realmente uma delícia. Rita, Arnaldo, Sérgio eram geniais mesmo.
Segue algumas impressões pessoais sobre os discos:
Mutantes (1968) -> delicia de disco, super atual mesmo nos dias de hoje. Saber que uma banda brasileira fez isto em 1968, ano de White Album e outras maravilhas é como saber que Pelé, Senna e Guga, Kaká são nossos, ou seja, top de linha e brasileiros e estão no primeiro time do mundo. Panis et circenses é maravilhosa, a versão de Baby é histórica e ainda tem Bat macumba, Trem fantasma e Senhor f. Bem inspirado na tropicália, é uma grande estréia dos Mutantes. 5 Estrelas.
Mutantes (1969) -> Neste segundo disco percebe-se a continuidade do trabalho anterior, porém as músicas de festivais estão mais presentes, Perde-se um pouco o clima tropicalista e entra o psicodelismo. Faixas como Dom Quixote, Dia 36 e seus efeitos, 2001 e Caminhante noturno são os destaques. Aqui o senso de humor da banda também aflora bem mais que na estréia. 4,5 Estrelas.
A divina comédia ou ando meio desligado (1970) -> Capa mais dark do rock nacional (e isto em 1970...) o clássico já começa com a histórica faixa título. Ainda tem Ave Lucifer, Desculpe babe e o clássico blues jopliniano Meu refrigerador não funciona. Neste disco até Roberto e Erasmo participam, com a inclusão da faixa Preciso urgentemente encontrar um amigo, bem no estilo jovem guarda. A MPB tradicional é homenageada (ou sacaneada ?) com Chão de Estrelas com destaque para o vocal de Arnaldo Baptista. 4,5 Estrelas.
Jardim Elétrico (1971) -> Perfeito disco dos Mutantes. Rock, Blues, Soul Music, Psicodelismo, MPB, está tudo aqui. Faixas como Top Top, Benvinda (homenagem a Tim Maia ?), El Justiceiro, Virginia entre outras. Um disco perfeito e que incrivelmente driblavam os militares nos duros anos de chumbo em pleno 1971. Muito provavelmente os Mutantes não eram levados a sério (ainda bem)... mas se não eram creio que todo seu valor é reconhecido hoje mundialmente. 5 Estrelas.
Mutantes e seus cometas no país de Baurets (1972) -> Aqui já se percebe a forte influência do rock inglês, com faixas mais voltadas ao progressivo e ainda sim momentos bastante inspirados principalmente em Posso perder minha mulher, a minha mãe desde que eu tenha o rock and roll, Cantor de mambo e a clássica balada do louco. Neste disco as drogas tomam conta do pedaço e já se percebe que o clima não é mais o mesmo. Mesmo assim é um ótimo disco. 4 Estrelas.
Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida (1972) -> Apesar de lançado como album da Rita Lee, na verdade trata-se de um disco dos Mutantes. Apesar da ótima participação da nossa rainha do rock como em faixas como Vamos tratar da saude, Beija-me amor (genial som de guitarra), Fique comigo. O ponto negativo é Amor em branco e preto, homenagem a um time paulista da segunda-divisão. (Mutantes era QUASE perfeito ...) o disco está ligeiramente abaixo do nível dos primeiros. 3,5 Estrelas.
O "A" E O "Z" (1992) -> Disco perdido da banda em sua fase progressiva, ainda com Arnaldo e é fortemente influenciado pelo Yes e traz ótimas faixas como a faixa título, Uma pessoa só e Ainda vou transar com você. O disco já é bem mais sério, Rita havia sido dispensada da banda, que queria alçar novos vôos e se tornar mais séria. Foi lançado apenas em 1992. Antes tarde do que nunca. 4 Estrelas.
Tudo foi feito pelo Sol (1974) -> Este disco já conta com uma formação totalmente progressiva dos Mutantes, apenas com Sérgio Dias da formação original. Quase um Yes brasileiro (com pitadas de King Krimson) ainda sim é um belo disco apesar de definivamente não ser o Mutantes inicial que conhecemos. É outra banda, alias, outra grande banda. A faixa Tudo foi feito pelo Sol é simplesmente maravilhosa e já vale o disco. 4 Estrelas.
Mutantes ao Vivo (1976) -> Canto do cisne da banda. Novamente com a formação alterada, ficando apenas Sérgio e Rui Motta do disco anterior, é novamente um belo disco, mesmo que com uma gravação de qualidade um pouco comprometida pelas limitações financeiras da banda e por ser tudo "ao vivo" traz ótimas faixas como Anjos do Sul, Sagitarius, Esquizofrenia e Rock and Roll City. A reedição ainda traz a baixa bonus Cidadão da Terra. 4 Estrelas.
Tecnicolor (1970) -> Gravado em Paris em 1970 o disco era uma tentativa de internacionalizar os Mutantes. São 13 faixas da banda cantadas em inglês e tentando manter os conteudos das letras originais. Ouvindo-se hoje soa moderno, melódico e é uma pena que não tenha sido lançado na época lá fora. Saiu no mercado apenas há anos atrás. O disco serviu de base para a volta dos Mutantes no show de Londres em 2006.
As versões para Minha Menina (She´s My Shoo Shoo), Panis et Circenses e Virginia são ótimas. Este disco mostra a competencia dos Mutantes e como poderiam ter se tornado maiores ainda se estivessem em outra época, país ou com melhores empresarios. Talvez o barato seja exatamente terem feito tudo da forma que fizerem, como e onde fizeram...
Que quebra ainda ouvi Singin´ Alone, Loki, Let it Bed e o Arnaldo e Patrulha com o disco o Elo Perdido. Sem dúvida os grandes destaques são Loki, um dos discos mais lindos e deprês de todos os tempos e o maravilhoso Elo Perdido, rarão, jamais gravado em CD e que contém faixas como lindas como Sunshine, Cortar Jaca e Fique aqui Comigo. Disco absolutamente de cabeceira, volta e meia me pego ouvindo este vinil por seguidas vezes.
Tudo isto apenas demonstra o quao competente, sensível e poético era Arnaldo Baptista antes de seu terrível acidente.
Já Singin´Alone, gravado em 1981, antes da tentativa de suicidio também traz ótimas faixas como O Sol (que saudade dele), Sitting on the road side e na ótima versão de Balada do Louco.
Let it Bed é uma homenagem ao Arnaldo de hoje, delibilitado, mas que ainda traz clássico como Deve ser Amor ou Everybody Thinks I´m Crazy. É ótimo ve-lo e ouvi-lo (mesmo que debilitado), pois conseguiu sobreviver a tudo isto e de quebra voltou aos Mutantes em 2006.
Estou bem afim de ver o filme Loki, homenagem mais que justa a este grande músico brasileiro, que fazia coisas, em plenos anos 60, que nos orgulham e mostram o quanto estavam a frente de seu tempo ....
Ah, também vi o DVD da volta da banda em Londres (que show maravilhoso). Ainda bem que fui prestigiar o show em sampa, senão o arrenpendimento seria irreversível. O show foi lindo, a Zélia fez muito bem para a banda e tudo ficou perfeito !!!
Que bom seria se toda a molecada que começa a ouvir rock and roll atualmente se iniciasse ouvindo estes clássicos do rock mundial. Não me enjoô de ouvir estes discos e a cada ano que passa fica melhor ainda, basta dizer que gringos como Belle and Sebastian, Beck, Devandra Benhardt, Sean Lennon e Kurt Cobain ouviam isto em sua infância e são fãs dos nossos heróis.
Tirando isto, nosso tricolor é quase hexa-campeão (e tri seguido), vamos torcer, falta apenas mais uma vitória e o Fluzinho (do Tulio, do Lennon, da Radala e do Paulo Auriemma) é nosso freguês de caderneta... Para comemorar uma fotinho do tricolor, representado no meu héroi do passado são paulino de todos os tempos Zé Sergio e por um ídolo profissional e pessoal pela competencia, honestidade, dignidade e amor ao que faz, Rogério Ceni. Podem até não gostar dele, mas o cara é amado pelo sao paulinos, isto é ...e tudo bem pelo bem que faz ao futebol e ao São Paulo. Devia ser exemplo a outros profissionais...
até a próxima viagem,

Nenhum comentário: